IA no Banco de Dados: O Novo Motivo para Demissões em Massa nas Grandes Corporações Globais

20/11/2025
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Nas últimas semanas, um movimento que antes era tratado com cautela passou a ser dito em voz alta por grandes corporações globais: a inteligência artificial está sendo usada como justificativa direta para demissões e congelamento de novas vagas. O que antes ficava nas entrelinhas de discursos sobre “eficiência” e “otimização” agora aparece claramente em comunicados oficiais e falas a investidores.

Lufthansa, ING e a sul-coreana Krafton estão entre as empresas que anunciaram cortes de pessoal mencionando explicitamente ganhos de produtividade obtidos com o uso de IA. Até pouco tempo atrás, muitas evitavam associar publicamente demissões à tecnologia para não enfrentar repercussões negativas de funcionários, sindicatos e da opinião pública. Esse cenário, porém, está mudando.

### IA ganha protagonismo no discurso corporativo

Relatórios financeiros recentes e apresentações para o mercado mostram que executivos passaram a destacar a inteligência artificial como um motor de produtividade capaz de manter – ou até ampliar – resultados com menos gente na operação.

Nos Estados Unidos, 48.414 cortes de empregos neste ano foram atribuídos diretamente à IA, de acordo com a consultoria Challenger, Gray & Christmas. Só em outubro, mais de 31 mil desligamentos foram ligados à adoção de tecnologias de automação e inteligência artificial.

Esse salto acendeu o alerta de autoridades, incluindo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e reacendeu discussões antigas: a IA está, de fato, eliminando postos de trabalho ou está sendo usada como um álibi conveniente para enxugamentos que já estavam no radar das companhias?

Enquanto isso, gigantes como Amazon, Microsoft e Oracle seguem um duplo movimento: reduzem custos em diversas áreas ao mesmo tempo em que ampliam fortemente investimentos em data centers, chips e infraestrutura para suportar seus projetos de IA. Em paralelo, empresas como C.H. Robinson e IBM relatam que diminuíram a necessidade de tarefas manuais graças à automação e a agentes virtuais capazes de assumir atividades repetitivas e operacionais.

### Demissões, automação e o novo filtro para contratações

Mesmo quando as demissões não são oficialmente atribuídas à inteligência artificial, a tecnologia aparece como um novo critério para decisões de contratação. Em muitas organizações, a IA se tornou uma espécie de “primeiro filtro”: antes de aprovar uma nova vaga, é preciso provar que um sistema automatizado não poderia executar a função.

A Shopify, por exemplo, exige que as equipes justifiquem por que não podem utilizar IA antes de solicitar reforços de pessoal. Já a ServiceNow afirma estar substituindo rotinas consideradas “desmotivadoras” por agentes automatizados, deslocando parte do trabalho repetitivo para sistemas inteligentes.

Com desenvolvedores acelerando a criação de soluções cada vez mais autônomas, analistas projetam que o impacto da IA sobre o emprego tende a crescer. O Goldman Sachs estima que clientes possam reduzir seus quadros em até 11% nos próximos três anos impulsionados pelo uso de inteligência artificial – e o próprio banco reconhece que deve seguir essa mesma direção.

Do setor financeiro ao varejo digital, um padrão começa a se consolidar: áreas que desejam contratar precisam demonstrar que a IA não é capaz de assumir aquela função. Ao mesmo tempo em que isso reforça o discurso de eficiência e modernização, também alimenta a preocupação de trabalhadores e reguladores sobre o ritmo e a profundidade dessa transformação no mercado de trabalho.

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